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O Informador

Hábitos e manias de leitor

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Vinte anos como leitor solitário desde que comecei a pegar num livro e a descobri-lo aos poucos, ao longo de dias, com vontade e sem me sentir obrigado a fazê-lo. Ao longo deste tempo fui ganhando manias e costumes literários pessoais que vou mantendo e adaptando aos locais por onde gosto de desfrutar de um bom livro. 

Geralmente as minhas leituras em casa são feitas sentado ou já meio deitado para o fim, no sofá ou num banco junto à mesa da cozinha. São os três locais onde costumo ler quando estou em casa e geralmente é na cama, durante a semana e após o jantar, quando estou no período antes de adormecer, que passo mais tempo de livro na mão ou no colo a fazer-me companhia, enquanto a televisão fica ligada, muitas vezes sem lhe prestar qualquer atenção enquanto conheço as personagens literárias que me estão a fazer companhia. Já fora de casa, geralmente num café, com ou sem esplanada, em jardins, quando o tempo está convidativo, ou mesmo a biblioteca pública são locais onde gosto de passar horas a ler, mais ao fim-de-semana quando os tempos livres surgem com maior regularidade na vida de um trabalhador de horário completo ao longo da semana. 

Os locais presumo que não se tenham alterado muito ao longo do tempo, o que fui alterando foi a forma de me envolver com a leitura, deixando de há uns tempos para cá marcações através de post-its coloridos no início dos parágrafos a destacar para mais tarde recordar, ora para fazer o texto de análise do livro, ora para citar alguma frase mais bem expostas ou simplesmente para fazer uma passagem rápida pelas partes mais marcantes da obra. Nas leituras dos últimos anos são vários os livros marcados e com a lateral toda colorida consoante a cor escolhida para deixar as minhas preferências ao longo do que vai sendo contado.

Se as marcações agora acontecem com post-its finos e coloridos, já o marcador deixou de há uns tempos para cá de ser em papel, dando lugar a um pequeno íman que fica preso nas folhas, deixando assim a marcação do parágrafo exato onde fiquei na última paragem. 

Se tenho manias enquanto leitor, também depois tenho hábitos nem sempre bons como detentor dos livros cá de casa. Odeio emprestar livros, para mais quando estão marcados por existirem espaços destacados que só me dizem respeito a mim, não tendo quem lê o mesmo exemplar de saber ou ficar a pensar sobre a razão de ter achado uma frase mais importante ao longo da leitura. A par disto porque emprestar livros por vezes também significa que os mesmos já não regressam nas mesmas condições, isto quando regressam, tendo alguns já ficado pelo caminho, mesmo após os ter pedido e dado várias dicas que os livros emprestados são sempre para devolver. E quando percebi que um livro que emprestei foi depois emprestado sem me terem dado qualquer informação que o iriam fazer, conseguiram piorar a situação sobre o pensamento que tenho, talvez egoísta, de não gostar de emprestar os meus livros.