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O Informador

Onde andam os culpados?!

João Mourinho

Outubro este ano fica marcado pelos incêndios espalhados por todo o país. Num fim-de-semana trágico a prolongar-se pelo início da semana, as chamas voltaram em força a invadir as nossas matas e desta vez não se ficaram somente pelos meios mais desertos, invadindo também grandes centros urbanos. 

Estamos em Outubro, podemos dizer que as temperaturas estiveram altas, mas não vamos fechar os olhos a toda esta situação porque claramente que mais de quinhentos incêndios com início num curto espaço de horas só pode ser fogo posto. O clima está bastante adverso para a altura do ano em que nos encontramos, mas tanta complicação é deveras estranho.

Vastas extensas áreas de mata, jardins, quintas e mesmo povoações têm sido devastadas nestas horas trágicas onde milhares de bombeiros estão no injusto combate contra uma realidade que muito podia ser evitada por quem não limpa os seus espaços mas também se a justiça atuasse em condições, castigasse os criminosos com penas firmes e não castigos através de trabalhos sociais ou com presenças semanais marcadas. Os castigos têm de ser levados a sério para dar o exemplo hoje no sentido de as coisas melhorarem no futuro. 

Certo é que existem muitas falhas nos sistemas nacionais e mais uma vez percebeu-se que o caos instalou-se com o perigo das chamas. Estradas que não foram cortadas a devido tempo, aldeias que não foram evacuadas quando o perigo ainda vinha distante, matas transformadas em autêntica pólvora e muita falta de organização, isto após poucos meses da tragédia de Pedrógão Grande. Como é que é possível voltar a errar da mesma forma e acabar por não remendar o que se sabe ter sido mal feito da outra vez?

Agora os culpados têm de ser apurados. Se há uns meses os erros tiveram desculpa e foram apontados, agora não há volta a dar e há que apurar os verdadeiros culpados das organizações políticas e sociais por tanto erro junto e falta de meios e condições que tornaram esta tragédia ainda maior. Estamos perante dezenas de mortos, centenas de feridos e longas áreas queimadas com famílias a ficarem desalojadas ao verem os seus bens serem levados pelo calor difícil de domar. 

Os Falsários [Bradford Morrow]

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Autor: Bradford Morrow

Editora: Clube do Autor

Edição: 1ª Edição

Lançamento: Agosto de 2017

Páginas: 264

ISBN: 978-989-724-381-3

Classificação: 3 em 5

 

Sinopse: Na tradição dos policiais de Agatha Christie e Arthur Conan Doyle, um romance misterioso e profundo sobre o fascínio do colecionismo e o lado sombrio do comércio de livros raros.

O que acontece quando mentimos tão bem que perdemos a noção do que é real? Numa prosa magnificamente cuidada, Bradford Morrow traça uma linha débil entre o devaneio e a intuição, a memória e a ficção autoilusória, entre o amor verdadeiro e o falso.

Uma comunidade bibliófila é abalada com a notícia de que Adam, um colecionador de livros raros, foi atacado e as suas mãos decepadas. Sem suspeitos, a polícia não consegue avançar no caso, e a irmã procura desesperadamente uma pista.

Ao longo das páginas repletas de mistério e simbologias, escritores famosos e citações brilhantes, Will, cunhado e colega de profissão de Adam Diehl, tenta obter uma resposta e, ao mesmo tempo, escapar às ameaças do misterioso «Henry James». Consciente do simbolismo do caso, ele sabe que um homem sem mãos se vê privado do instrumento mais precioso quando se trata de imitar a caligrafia de William Faulkner, James Joyce, Conan Doyle e outros que tais. Na verdade, Will, ele próprio genial falsário, talvez saiba demais.

 

Opinião: Os Falsários, da autoria de Bradford Morrow, encontra-se entre os Melhores Livros do Ano da Financial Times mas não foi por isso que este romance lançado em Portugal pela Clube do Autor me conseguiu conquistar. 

Com uma história onde o mundo dos livros volta a ter destaque, o romance e mistério juntam-se numa só obra para convidar o leitor a seguir as pistas deixadas sobre o mistério que envolve a morte de um falsificador de cartas, mensagens e enigmas importantes. A narrativa inicia-se com Will, o nosso narrador presente, a relatar o momento em que Adam, o falsário, é encontrado com as mãos decepadas envolto nos seus livros de edições raras. A partir daí inicia-se a questão tão bem conhecida do «quem cometeu o crime?». As suspeitas de Will sobre este mistério em torno do seu cunhado Adam, as perceções de Meghan, a irmã do livreiro, sobre o crime e as investigações da polícia em torno do caso vão sendo debatidas ao mesmo tempo que o leitor vai tendo uma perceção sobre o método de trabalho destes falsificadores da verdade do mundo literário. A perfeição, originalidade e investigação que cada falsário faz para não cometer erros no esquema que pratica são mostrados neste livro onde todos podem ser suspeitos mas que só, talvez o mais próximo, seja o principal vigarista e interessado em afastar um dos seus rivais diretos.