Os anos vão fazendo com que as pessoas se cruzem, conheçam e acabem por perceber que os afastamentos também acontecem, por algum motivo, várias vezes com explicação de pelo menos uma das partes, mas sempre com uma explicação.
Ao longo destes trinta anos de vida criei amizades de infância que com o crescimento fui deixando para trás em detrimento de novos conhecimentos que me fizeram sentir muito mais completo, dando-me essas novas amizades um círculo onde senti que seria feliz. Aos poucos fui deixando todo o grupo de escola primária que me foi acompanhando para conhecer de uma melhor forma algumas pessoas que ainda hoje fazem parte da minha vida. Se me posso ter arrependido das escolhas que fui fazendo na altura de forma involuntária em algum momento, hoje não sinto falta alguma de quem fui deixando pelo caminho por esses anos. Passamos de melhores amigos a conhecidos e em alguns casos nem um simples «olá» quando nos cruzamos proferimos, tal o que ficou do que outrora foi uma amizade de garotos.
Na adolescência, já tendo deixado relações para trás, voltei a conhecer, criando laços para depois nem todos, podendo até dizer, para quase nenhuns ficarem no círculo de amizades que queria ter na minha vida futura. Sou estranho, egocêntrico e não preciso de dezenas de amigos para ser felizes. Fui conhecendo, tentei manter comigo quem queria e fui deixando mais uma vez os outros, aqueles que seriam passageiros para trás.
Mas foi na passagem da adolescência para a fase adulta que finalmente percebi que os verdadeiros amigos da altura seriam os que ficavam comigo até hoje. As amizades que surgiram após a primária, as amizades de secundária e algumas que já surgiram depois disso. Dispensei pessoas da minha vida por atitudes e comportamentos com que não concordei, que podiam não me afetar diretamente, mas por serem rotina acabaram por quebrar os nervos de qualquer pessoa.