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O Informador

Zoom | Teatro da Trindade

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Zoom, da autoria de Donald Margulies, chega a Portugal através do Teatro da Trindade que ao encargo de Diogo Infante aposta assim também como encenador nesta história de amor onde Sandra Faleiro, João Reis, Sara Matos e Virgílio Castelo dão vida a quatro personagens bem consistentes e formadas para agitar a vida e os pensamentos umas das outras. 

Destacando a relação de Sarah, uma fotojornalista que chega ferida da Guerra do Iraque, e do seu namorado, James, jornalista que a acompanha como repórter de guerra, em Zoom o debate surge a partir do momento em que o casal se apercebe que existem divergências entre a vontade e a forma de estar e assumir o futuro entre ambos. Se para Sarah, e mesmo após o acidente que a lesionou, o futuro é continuar a enfrentar o caos e a morte dos outros para os mostrar ao Mundo, já para James é tempo de parar e refazer a sua vida como alguém que possa trabalhar com horários, tendo dias de pausa, férias, optando por uma paragem para pensar em criar família e ter filhos. Os debates como casal com divergências começam aqui e os sentimentos começam a ser revelados num momento em que as diferenças no seio da relação surgem.  

Ao mesmo tempo que Sarah e James começam a revelar as suas fragilidades como casal, ambos vão recebendo em casa o editor de fotografia com quem trabalham. Steve apresenta a sua nova namorada, Mandy, alguns anos mais nova e com uma aparente ingenuidade do seu lado que a leva a colocar o dedo na ferida em vários momentos de conversa cruzada entre os quatro. A forma como Mandy olha para a vida e para as relações de forma descontraída acaba por influenciar a decisão de Sarah e James perante o que lhes está pela frente. Afinal de contas viver de forma livre e saudável é andar a correr o Mundo atrás do mal dos outros? Construir uma vida não é só ver trabalho pela frente, o que os comentários inofensivos e desconcertantes de Mandy acabam por levar Sarah a ter reações que tudo mudam perante o seu estado de normalidade onde retratar a realidade como uma paragem é o seu dever contra a normalidade de quem só quer ser feliz. 

Em Zoom o público encontra um enredo que parece simples mas que acaba por revelar um emaranhado de emoções e reviravoltas entre a realidade de outrora e a força para enfrentar o futuro. Onde andam nos dias corridos de hoje os princípios éticos e morais para também conseguirmos ser umas melhores pessoas, com vidas confortáveis que se interessam pelo que se passa do outro lado do Mundo onde são vividas situações terríveis mas que ao mesmo querem procurar a estabilidade de uma pessoa normal que teve a sorte de nascer num espaço onde existem boas pessoas, comida e paz. 

Num texto oscilante entre o humor e o drama, as verdades vão sendo colocadas em debate neste Zoom que conforta e ao mesmo tempo abana perante uma reflexão pessoal que coloca as contradições comportamentais e sociais em destaque e onde cada um terá de encontrar as suas próprias respostas sobre o que tem de ser feito para encontrar a estabilidade necessária. 

A história é boa e bem encadeada, o elenco dispensa apresentações e mostra o que sempre achei, que além dos consagrados João Reis, Sandra Faleiro e Virgílio Castelo, a Sara Matos é um futuro bem consistente da representação em Portugal e a encenação está como Diogo Infante já habituou o público. Melhor que toda esta junção acho que não seria possível. 

De 13 de Fevereiro a 31 de Março, a Sala Carmen Dolores do Teatro da Trindade Inatel recebe assim Zoom de Quinta-feira a Sábado pelas 21h00 e aos Domingos, pelas 16h30. 

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