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O Informador

Refeições de moleza

As recordações de infância são sempre uma mistura de bons e maus momentos da altura que se refletem em boas ideias sobre o que nos foi acontecendo. Na verdade percebo aos trinta que tive uma infância feliz, com pais que me amam, com uma família que sempre me deu mimo e com uma curiosidade e rebeldia de criança que em casa era uma coisa e na rua perante a sociedade era outra. 

Hoje apetece-me comentar o facto de ser um autêntico caracol no que toca a refeições. Lembro-me tão bem dos tempos de escola primária em que ao longo de uma hora ia até casa para almoçar, o que sempre foi bom por viver na terrinha, e conseguia demorar todos aqueles sessenta minutos a comer. Não, não era porque o prato estava cheio demais, era sim porque até mais ou menos aos dez anos era um molenga de primeira para comer. Demorava eternidades a tomar uma refeição, tentavam que comesse sozinho mas para o fim da hora já me tinham de ajudar para que não voltasse para as aulas de estômago vazio. Conseguia sentar-me à mesa e ficar a olhar para o prato, escolhendo o que colocar no garfo e nada levar até à boca para me despachar. Claro que aquela hora raramente acabava bem porque a vontade de comer era pouca, depois começavam a ralhar, ajudavam e por vezes acabava mesmo por apanhar uma lambisca para tentarem que comesse alguma coisa de jeito. E quando era peixe então tudo se tornava bem pior, uma autêntica tortura. 

Hoje envergonho-me dessa má fase que dei aos meus pais que se viam aflitos para que conseguissem fazer-me comer alguma coisa mas lembro-me daquelas inúmeras situações em que sentado numa mesa branca redonda ficava de olhos postos no prato e de boca fechada.

Manhãs de folga

A idade avança e aos poucos noto que a moleza e vontade de ficar por casa são cada vez maiores! A par dos serões em que sinto necessidade de ficar mais pelo recato do lar, também nas manhãs de folga sempre gostava de levantar cedo para aproveitar aquelas primeiras horas do dia pela rua. Agora isso não acontece mais e além de andar a acordar mais tarde acabo por me deixar ficar por casa após tomar o pequeno-almoço!

Levanto-me a meio da manhã, despacho-me, como e volto ao aconchego da cama para passar um pouco do tempo que resta antes do almoço na manha onde a leitura e a televisão acabam por ser a principal companhia caseira. As manhãs de folga já não são mais o que era... Uma questão que chega com o peso da idade? Acredito cada vez mais que sim!

Não apetece fazer nada!

Na verdade não percebo o que se passa, mas o que é certo é que desde que a gripe me atacou (atenção que a tosse nocturna ainda não passou totalmente) que sinto o corpo mole, sem vontade de reacção. Ao sair do trabalho o dia parece estar terminado, só dando vontade de me estender pela cama após o banho e por aí ficar! 

Esta semana, na segunda-feira, os meus pais saíram depois do jantar, fiquei sozinho em casa e passado talvez uma meia hora já estava deitado, com a televisão como som de fundo mas sem lhe prestar qualquer atenção. Enrosquei-me no cobertor, óculos na mesa-de-cabeceira, aconcheguei-me à almofada e só me lembro de ouvir alguém a dizer que estava a dormir e que a televisão estava ligada. Apaguei por completo pouco passava das dez da noite e nem consegui desligar o televisor que afinal de contas não me incomodou para dormir durante as horas em que estive sozinho! Parece que aquela malvada e demorada gripe deixou rasto que tarda em desaparecer, deixando-me sem vontade alguma para me mexer, exercitar o corpo ou sequer falar.

Pouco trabalho dá moleza

Nos últimos dias, e mesmo trabalhando numa área comercial, o trabalho não tem abundado. Qual a consequência de ter poucos clientes e menos serviço para ser feito? Muito tempo sem fazer nada que se acaba por traduzir num aumento de moleza!

Pois é, com os dias mais parados e com tudo feito, as palavras de ordem são mesmo para não se fazer nada e ficar quieto na conversa, mas o pior é que se chega a um ponto em que nem isso apetece!

Todos os anos é a mesma coisa naquela empresa por esta altura... As vendas descem, já não a pique como em outros anos, porque tudo anda por baixo ao longo de todos os doze meses, mas sempre se desce um pouco. O número de funcionários mantém-se, mas não existe grande coisa para se fazer. Andamos a deambular de um lado para o outro, a inventar trabalho demorado para ser feito, tentando que as oito horas passem mais rapidamente.

Tentamos inventar mil e uma coisas para serem feitas, falamos muito mais que o normal e até paramos para tomar o pequeno-almoço juntos, mas mesmo assim o relógio não acelera os seus ponteiros e as horas de saída custam sempre a chegar.

A manhã ainda se passa bem, mas as últimas horas do dia são mesmo um sacrifício. Demoram, demoram e demoram... Dão moleza até demais!

Podia-me queixar por andar cansado por ter muito trabalho para fazer, mas não... Aqui a queixa é por ter pouca coisa para me ocupar nas minhas horas de expediente!