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O Informador

Reality shows: Anónimos ou Famosos

O nosso país já viu vários reality shows serem transmitidos, seja pelos canais generalistas ou de cabo, e se uns levam os famosos, ou pelos menos conhecidos para dentro de uma casa, uma quinta ou para o deserto, também existem os mesmos formatos mas protagonizados por pessoas até então anónimas e desconhecidas do grande público. Quais os melhores concorrentes e quais as diferenças que famosos e anónimos podem ter para que os programas da vida real resultem melhor ou pior?

A minha escolha em termos de reality show é com anónimos. Nos primeiros dias do programa o público não adere tanto ao seu visionamento por não conhecer os concorrentes e por não existir tanto interesse para saber como a pessoa x ou y vive com os outros, mas aos poucos os programas que transformam pessoas comuns e sem destaque social em famosos começa a ganhar pontos porque este tipo de concorrentes não tem uma reputação a manter, como tal, eles podem discutir, beijarem-se, fazer birras, zangarem-se em alto e bom som porque não são cantores, não são atores e não têm uma carreira de destaque fora do jogo, mas pretendem ser conhecidos e dar nas vistas, como tal, tudo pode valer na prestação de um anónimo ao longo da sua estadia neste tipo de formatos porque não existe nada a esconder e tudo pode ser contado, revelado e ser feito para se ser o melhor.

Pelo contrário, os famosos, embora consigam conquistar mais rapidamente o público para ver o programa nos primeiros dias, depressa caiem no ridículo de não serem eles próprios porque existe uma imagem a manter, aquela que todos têm dessa pessoa até então e que não pode ser manchada com a sua entrada nestes programas. Os famosos não se revelam totalmente e escondem o que sentem e o que querem dizer para não se queimarem, tal como a produção que não passa tudo o que poderia passar porque os contratos assim o exigem. Os conhecidos têm que entrar e sair como estrelas e não podem sair machucados, ao contrário dos outros, onde se mostra tudo o que fazem e dizem.

Eu adoro ver programas da vida real e não escondo isso, como fazem muitos dos portugueses, no entanto, prefiro muito mais ver um reality show protagonizado por anónimos do que por famosos. Parece-me que são muito mais genuínos e não se escondem atrás de máscaras por tanto tempo, porque o que são revela-se rapidamente, ao contrário dos outros que além de mostrarem só um pouco de si, ainda têm a ajuda da produção para a sua protecção de imagem!

Entrar num reality-show? Não!

Já lá vão mais de dez anos desde que Portugal abriu as portas ao mundo dos reality-shows. Na altura, lembro-me que não tinha idade para me poder inscrever e entrar na corrida a ser um dos concorrentes, quem sabe, do Big Brother, mas a vontade não faltava. Hoje não penso, felizmente, da mesma forma. 

Mais de dez anos depois dos programas que mostram a vida real dos seus concorrentes chegarem ao nosso país, sinto que cresci e penso. Não posso dizer que desta água não beberei, porque quem sabe se ainda não irá aparecer o programa que me leve a preencher a ficha de inscrição, mas tal dificilmente acontecerá.

Olho para este tipo de programas e não tenho vergonha, como muitos, de dizer que vejo. No entanto, não lhes encontro conteúdo e inteligência nos seus participantes que me leve a crer ser mais um porque os escolhidos não são pessoas banais como eu, mas sim quem gosta de dar nas vistas e fazer-se notado, não pela forma inteligente de ser, mas porque é polémico.

Depois, além de ter que estar fechado do mundo, quem sabe a viver uma aventura que poderia ser única, o que se passa cá fora neste tipo de formatos é muito duro. O que se escreve pela imprensa, o diz que diz sobre concorrentes, familiares e amigos. Os boatos, o passado e o presente da vida de todos os que rodeiam as novas celebridades temporárias. Um mundo muito cruel que nem todos aguentam...

Vamos lá ver o caso de Zé Maria, o vencedor do primeiro Big Brother... Teve a fama de forma rápida, tal como os seus companheiros de programa e com o passar do tempo tudo caiu, e mesmo o ser humano por trás desta estrela espontânea caiu, de tal forma que hoje nem quer ser fotografado nem falar com a imprensa que lhe deu tanto destaque.

O que deu o programa da vida real ao Zé? Deu fama? Deu. Mas também deu muito prejuízo emocional que, mais de dez anos depois, ainda não está recomposto. O que tem dado às dezenas de concorrentes que já entraram neste tipo de programas? Têm-lhes dado fama, mas aos poucos todos têm sido esquecidos e os que não o foram foi porque conseguiram continuar a ser polémicos ou porque tiveram a sorte de ter uma carinha bonita. Ser reconhecido através deste tipo de formatos não é o aconselhável e tendo visto tudo o que se tem noticiado e comentado nestes anos sobre estas pessoas anónimas que se acham depois famosas faz-me riscar quase por completo a intenção de tentar entrar numa aventura deste tipo.

Em 2012 posso dizer que não entrava num reality-show pelo tipo de formato que é, mas também pelo que acontece além da entrada no programa. Não quero ver a minha vida a ser contada a quem não conheço e de forma livre e, na maior parte das vezes, irreal.