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O Informador

Vizinhança no Controlo

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Incrível é viver numa aldeia, numa rua estreita com nove casas e perceber que estejamos a entrar ou a sair não é fácil não se ser detetado. É verdade, sempre alguém surge no quintal ou mais frequentemente a sacudir o seu tapete na janela no momento em que se fecha o portão na chegada ou partida. Vizinhança assim não é para todos!

Diria até que estes vizinhos são melhores que a polícia municipal. Guardam tudo, dão fé de tudo e conseguem saber quem está em casa ou quem anda na vadiagem após os horários de trabalho que talvez até tenham apontados em listas presas com um íman ao frigorífico. Ao sair de manhã, lá surge alguém por um quintal vizinho, para receber os bons dias. Já ao almoço se estiver a chegar, sempre ou quase sempre, tenho uma vizinha a sacudir tapetes. Já me perguntei quantos tapetes existirão naquela casa ou se será sempre o mesmo, aquele que está na porta de entrada, pronto para lhe pegarem e saírem para o quintal como premissa para verem se os vizinhos trazem ou não sacos consigo. Ao final do dia a mesma coisa acontece, sempre com alguém a surgir de uma porta ou janela para mirar quem sai e quem entra, com companhia ou a solo, sacos ou mochilas. 

Viver numa aldeia onde todos se conhecem é assim, controlo ao mais alto nível da vizinhança mais desocupada e que gosta de saber tudo o que se passa pelos arredores, dentro e fora de portas. Basta um descuido e a vida privada fica pública, pelos menos os horários de entrada e saída de casa estão controlados, sabendo-se também quando recebemos visitas, quando o correio chega, as compras mais volumosas que foram feitas e até quando se fica uma noite fora de casa e o carro não está na rua como habitualmente pela manhã. 

Importância da Pontualidade

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Portugal parece ter um problema bem grande com os níveis de pontualidade, o que me deixa com alguma urticária por saber que sou totalmente o oposto da maioria das pessoas que estão nem aí no momento em que combinam horários e chegam mais tarde. 

Desde sempre fui de cumprir horários! Se tenho algo combinado para uma hora exata, naquele momento posso dizer «presente», sendo raro, podendo até dizer muito raro mesmo, chegar atrasado a algum local onde me comprometa a estar a tempo e horas. Além de não gostar de ser o último chegar, não gosto de me fazer esperar, achando uma falta de respeito para com os outros que por vezes com vidas mais corridas conseguem cumprir metas, o que os de horários mais facilitados não conseguem. 

Seja no trabalho, combinações para um café, uma ida ao teatro, jantares, visitas... Se combino chegar num certo horário lá estou, não percebendo a razão de se combinarem horas para as coisas e depois poucos conseguirem cumprir, existindo para essas pessoas sempre alguma desculpa para o atraso. Se uns conseguem, mesmo andando em modo um pouco mais apressado, porque a maioria não segue a mesma ideia? Se sabem que se atrasam sempre, que tal fazerem um planeamento com o que têm para fazer antes de se meterem ao caminho, pensando que não têm de fazer os outros esperar pela sua falta de organização. 

Adormecer, encontrar a conjugação perfeita sobre o que vestir, as chaves do carro que não aparecem, o perfume a colocar, a chamada telefónica que é necessário fazer, os sapatos ideais que estão sujos, a vizinha que não se cala quando se está mesmo de saída, o esquecimento da carteira em casa... Tantas coisas que podem acontecer antes do momento final que têm de ser colocadas em cima da mesa no momento do planeamento de uma saída de casa. Acredito que as pessoas que raramente cumprem horários não conseguem mesmo perceber que existe sempre algo a fazer, por isso não planearem o tempo de demora pré saída e por isso não conseguirem chegar a tempo onde têm de estar.

Além disto, existem outros atrasos com os quais não percebo. Assistir a um espetáculo marcado para uma hora exata, como geralmente acontece com todos, e após entrares em sala antes da hora percebes que o início já vai atrasado, já tendo passado mais de quinze minutos e muitos ainda não estão nos seus devidos lugares e o pano não abre porque as portas talvez não tenham sido abertas quando o deviam ter sido, as pessoas deixam-se ficar na conversa e os molengas ligam a pedir uns minutos porque estão encurralados no trânsito sobre o qual não pensaram que podiam apanhar pelo caminho. 

Um outro atraso que me incomoda são as entrevistas de emprego e neste campo falo mais entre colegas a quem cabe escolher os futuros contratados da empresa. O entrevistado chega, pedem para esperar e uma boa meia hora depois é que o entrevistador se digna em iniciar a entrevista que logo podia ser despachada, não existindo por vezes algo tão urgente para ser feito que justifique aquele prolongamento. Por vezes parece que gostam de fazer as pessoas esperarem sem motivo, pedindo desculpa pela demora, quando se percebe que o entrevistador não estava assim tão ocupado como tenta mostrar a quem espera por encontrar um lugar numa empresa que não conhece. Já fui entrevistado e já fui entrevistador e se enquanto entrevistado sempre cheguei na hora marcada, enquanto entrevistador tentei falar com as pessoas assim que chegavam porque existem situações em que não vale a pena fazer os outros esperar. 

Estabelecer horários!

Sim, há algum tempo que tenho deixado a leitura para trás em detrimento de outras ocupações, mas a falta que os livros me fazem começa a pesar e os horários que tenho mais ou menos estabelecidos para o pôs-laboral têm que voltar a ser repensados, voltando a incluir um maior espaço para as obras escritas!

Estes meses em que comecei a ler menos e deixei de ter três e quatro livros por mês como companheiros de mesa-de-cabeceira, passando a ler apenas um ou nem isso ao longo de quatro ou cinco semanas, começam agora a pensar, sentindo a falta de ter bons livros à espera para serem lidos com aquela curiosidade de outros tempos. É certo que existem fases para tudo e que já passei por este estado anteriormente, mas agora volto a sentir a falta daquelas horas que passava agarrado a um livro onde queria chegar ao seu final e conhecer como as suas principais personagens terminavam.

Sobra sempre para mim!

Sou solteiro e não tenho filhos... Isso faz com que no trabalho achem que sou mais desocupado que os outros e que quando é preciso trocar de horário eu sou sempre a primeira opção das pessoas para o peditório acontecer?

Não me importo de trocar quando não tenho nada combinado para as horas em questão, mas quando vejo que existem duas opções e sou sempre a linha da frente por acharem que sou mais livre que os outros é um pouco demais não?

Primeiro acham que não preciso de dinheiro como eles porque ainda vivo com os meus pais e não tenho tanta despesa, depois acham que não tenho a vida tão preenchida como eles porque não tenho filhos para ir buscar à escola e ainda ter os cuidados necessários para com eles. Atenção, eu sou gente e também tenho as minhas prioridades, tá?

Tantas questões que fui colocando neste texto, mas é que me irrito por ser tão bonzinho e trocar sempre de horário com os outros quando me pedem e o pior é que eu raramente peço alterações a meu favor! Abre a pestana!