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O Informador

Pedrógão Grande

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O calor que se faz sentir pelos últimos dias e a trovoada do final do dia de ontem, Sábado, fizeram das suas e quando me deitei à noite existiam informações que davam como certas dezanove mortes num grande incêndio na zona do Pedrógão Grande, distrito de Leiria. Hoje ao acordar deparo-me primeiramente com as notificações no telemóvel de vários órgãos de comunicação social a darem conta de mais de cinquenta mortos, várias pessoas desaparecidas e um cenário de destruição caótico. Liguei a televisão num canal informativo e das palavras à imagem existe uma grande diferença.

O que vi logo pelos primeiros momentos foram estradas com carros carbonizados que ainda continham corpos no seu interior. As pessoas tentavam fugir pelas estradas possíveis e foram apanhadas pelo incêndio que devastou quilómetros de mata, aldeias e que acabou por roubar dezenas de vidas no que já é considerado o mais trágico acidente dos últimos cinquenta anos em Portugal. Assistir a um acidente destes de longe é complicado, colocando-me na pele de quem esteve e continua no local, longe das suas casas, não sabendo de familiares e procurando respostas para o que ainda não se sabe afirmar.

As temperaturas altas, as matas, o terreno complicado para se lidar com incêndios, tudo parece ter corrido mal num só local num fim-de-semana prolongado com famílias a desfrutarem das praias e lagos naturais da zona para passarem as horas quentes do dia, quando o início do incêndio acontece e só existem caminhos de fuga onde as chamas já começavam a tomar conta de estradas, casas e tudo o que foram apanhando pela frente. 

É inimaginável a dor que todos os envolvidos sentem nestas situações, porque se quem está de fora consegue ter reações incontroladas como o impacto que tive ao ver as primeiras imagens da situação, imagino o desespero no local de quem muito perdeu e não consegue ter noção da verdadeira realidade sobre as pessoas que lhes são próximas, os seus bens e o que o futuro agora lhes reserva perante tanta destruição.

Nesta situação assistiu-se também e de forma positiva à forma como o nosso país se mobiliza. Bombeiros agiram de imediato e chegaram a ser mais de oitocentos operacionais no terreno, hospitais lançaram o alerta e profissionais em pausa entraram ao serviço de livre vontade, o Governo e o Presidente da República partiram de imediato para o local para estarem presentes, tal como as autoridades competentes que irão ter de intervir daqui em diante nesta situação que terá muitas repercussões pelos próximos tempos. 

Decretados três dias de luto nacional, Portugal está de novo nas bocas do Mundo e desta vez pelos piores motivos e com um dos piores acidentes naturais das últimas décadas que em poucas horas conseguiu roubar vidas e destruir muito para além dos bens materiais. 

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