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O Informador

Entrar num reality-show? Não!

Já lá vão mais de dez anos desde que Portugal abriu as portas ao mundo dos reality-shows. Na altura, lembro-me que não tinha idade para me poder inscrever e entrar na corrida a ser um dos concorrentes, quem sabe, do Big Brother, mas a vontade não faltava. Hoje não penso, felizmente, da mesma forma. 

Mais de dez anos depois dos programas que mostram a vida real dos seus concorrentes chegarem ao nosso país, sinto que cresci e penso. Não posso dizer que desta água não beberei, porque quem sabe se ainda não irá aparecer o programa que me leve a preencher a ficha de inscrição, mas tal dificilmente acontecerá.

Olho para este tipo de programas e não tenho vergonha, como muitos, de dizer que vejo. No entanto, não lhes encontro conteúdo e inteligência nos seus participantes que me leve a crer ser mais um porque os escolhidos não são pessoas banais como eu, mas sim quem gosta de dar nas vistas e fazer-se notado, não pela forma inteligente de ser, mas porque é polémico.

Depois, além de ter que estar fechado do mundo, quem sabe a viver uma aventura que poderia ser única, o que se passa cá fora neste tipo de formatos é muito duro. O que se escreve pela imprensa, o diz que diz sobre concorrentes, familiares e amigos. Os boatos, o passado e o presente da vida de todos os que rodeiam as novas celebridades temporárias. Um mundo muito cruel que nem todos aguentam...

Vamos lá ver o caso de Zé Maria, o vencedor do primeiro Big Brother... Teve a fama de forma rápida, tal como os seus companheiros de programa e com o passar do tempo tudo caiu, e mesmo o ser humano por trás desta estrela espontânea caiu, de tal forma que hoje nem quer ser fotografado nem falar com a imprensa que lhe deu tanto destaque.

O que deu o programa da vida real ao Zé? Deu fama? Deu. Mas também deu muito prejuízo emocional que, mais de dez anos depois, ainda não está recomposto. O que tem dado às dezenas de concorrentes que já entraram neste tipo de programas? Têm-lhes dado fama, mas aos poucos todos têm sido esquecidos e os que não o foram foi porque conseguiram continuar a ser polémicos ou porque tiveram a sorte de ter uma carinha bonita. Ser reconhecido através deste tipo de formatos não é o aconselhável e tendo visto tudo o que se tem noticiado e comentado nestes anos sobre estas pessoas anónimas que se acham depois famosas faz-me riscar quase por completo a intenção de tentar entrar numa aventura deste tipo.

Em 2012 posso dizer que não entrava num reality-show pelo tipo de formato que é, mas também pelo que acontece além da entrada no programa. Não quero ver a minha vida a ser contada a quem não conheço e de forma livre e, na maior parte das vezes, irreal.