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O Informador

Milhões do palco para o Papa

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O tema da semana é sem dúvida alguma o grande palco que irá receber o querido Papa Francisco e seus companheiros de viagem nas Jornadas Mundiais da Juventude que se irão realizar em Lisboa entre os dias 01 e 06 de Agosto deste mesmo ano. Os quatro milhões de euros para o palco, os quase dois milhões para a zona envolvente e a obra segue com todos a falarem e poucos se entenderem. 

Primeiro Marcelo Rebelo de Sousa, se bem se lembram, soltou uma pinguinha quando ficou a saber que iríamos ter as Jornadas em Portugal e que estaria quase certo como Presidente na altura para pisar o palco do evento. Os anos passaram desde o anúncio e ai temos Marcelo Presidente com um lugar de destaque no palco como bem quer e é do seu agrado de estrela nacional. Depois quem liderava na altura o município de Lisboa era Fernando Medina, que agora está ao controlo das finanças do país e parece não estar a gostar dos gastos que Carlos Moeda, o Presidente da capital que o derrotou nas eleições autárquicas, está a fazer. Ora então, Fernando Medina fez panelinha com Marcelo e com a Igreja para trazerem as Jornadas da Juventude até Lisboa e agora que não está ao servido da cidade está desagradado com o valor que as obras estão a ter. O senhor quando esfregou as mãos para dar a notícia ao país de que tinha conseguido trazer o evento para o país achava que iria receber milhares de jovens que irão deixar milhões de euros por cá e que o Papa Francisco iria pisar o palco do Somos Portugal e que iria ter poucos gastos com isso se ainda fosse o líder de Lisboa?

Agora que as obras estão a acontecer, os valores das mesmas são conhecidos, e teremos direito a um palco com uma gigante infra-estrutura na zona do Parque das Nações e que foi pensado para servir para outros grandes eventos pelos próximos anos. A área está a ser requalificada, o espaço vai ficar alterado e com capacidades para receber festivais e grandes momentos nacionais e internacionais que podem render mais uns milhões ao país. Sim, não concordo com estes gastos avultados do país, no entanto o que não consigo perceber é que todos ralham mas todos fizeram com que isto acontecesse, estando a parecer que existe sim um ataque certeiro de várias frentes para com as decisões da equipa de Carlos Moedas que decidiu investir a pensar no retorno que surgirá daí. 

Sem grandes confinamentos

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Primeiro dia de confinamento a meio gás em Portugal continental e eu, que fui para o último dia de trabalho antes de entrar de lay-off, constatei pelas estradas e por passar pelo interior de localidades na deslocação casa/trabalho e trabalho/casa e também pelas imagens que fui vendo ao longo do dia, tanto nas redes sociais como na televisão, que de confinamento pouco existiu nesta Sexta-feira, 15 de Janeiro de 2021.

Alunos nas escolas, com pais a deslocarem-se para deixarem os filhos nos institutos de ensino e mais tarde os voltarem a levar para casa ou transportes públicos cheios com jovens que se deslocam assim para as aulas. Supermercados, farmácias, clínicas, veterinários, igrejas, bancos, oculistas, dentistas, talhos, peixarias, papelarias, padarias e outros tantos serviços abertos como se nada se estivesse a passar. Restaurantes em take-way, cafés e pastelarias a servirem o que os clientes pretendem junto a portas e janelas, esplanadas como que montadas só porque ainda não existiu tempo de serem retiradas, e muitos incumprimentos logo na partida para esta jornada. Encontros em grupo nas esquinas e jardins, pais que esperam na conversa junto dos carros que os filhos saiam da escola, crianças que saem dos autocarros e que de imediato retiram as máscaras. Ou seja, confinamos em termos laborais mas ao que parece existe tanto para se fazer lá fora que a vontade é mesmo a de sair e arranjar uma das várias desculpas possíveis para se poder circular na via pública.

Sainte Chapelle, a capela inesperada

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A viagem a Paris teve dentro do previsto algumas surpresas, entre elas a capela gótica Sainte-Chapelle que não estava nos planos de visita iniciais mas que ao surgir pelo caminho acabou por nos convidar a entrar e que surpresa. 

Situada na Île de la Cité e construída na época de Luís IX no século XIII, esta capela serviu o palácio real que nos dias que correm serve de Palácio da Justiça. Com dois pisos e duas capelas que se sobrepõem é a superior, a que serviu a família real, que me conquistou por completo pelos seus vitrais ao longo de praticamente todas as paredes. Pequena mas robusta, vazia dos recheios de outrora, somente as paredes e uma réstia do altar se mantém no local mas serviram para me conquistar e deixar deliciado pela maravilha com que fui presenteado sem planear pela magnifica edificação de imagens históricas ao longo de cada vitral emoldurado e pelo teto representativo dos símbolos francesas. 

Crucifixo público

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Os católicos que me perdoem, se assim o entenderem, mas há uns dias a memória trouxe a imagem do crucifixo presente em plena sala de aula, em cima do quadro, que há época ainda era para ser usado com giz. A religião, com imagens obrigatórias para serem traduzidas muito pelo catolicismo. Em criança, miúdo de primária, confesso que aquela cruz já me fazia alguma espécie, e hoje, olhando para trás e sabendo que existem muitos lugares onde a presença do crucifixo ainda é notória no interior das salas de aulas, impondo o que não tem de ser imposto, mostrando falta de coragem para cortar com um poder de outras décadas. 

Tenho uma relação a meio gás com a religião e defendo que nada nesse sentido tem de ser feito como uma obrigação. O que acontecia há umas décadas atrás era quase a permanente pressão para se perceber que a imagem da cruz era importante no crescimento e desenvolvimento de qualquer um. Tenho noção que enquanto aluno de primária não fui pressionado verbalmente por qualquer professor para seguir determinados caminhos dentro da religião, mas a presença daquela imagem, feita em madeira, existia, como uma nuvem que pairava sobre as nossas cabeças. Talvez quem tivesse uma família mais religiosa sentisse uma certa proteção quando olhava para o cimo da parede, o que não acontecia comigo, que ainda hoje sou meio cético em relação à imposição em certos locais públicos de elementos religiosos, não se respeitando o espaço de cada um, que não tem de seguir obrigatoriamente o caminho da maioria e a vontade de um poder que passa para além da política pela sua influência social. 

Nos espaços modernos e renovados de ensino o crucifixo caiu em desuso, no entanto em meios mais pequenos, onde as escolas pouco mudaram ainda, a antiga tradição, imposta em tempos, continua a persistir, como se fosse uma obrigação entrar na sala de aula e rezar diariamente. 

Recasados em abstinência

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Papa Francisco lançou a ideia e D. Manuel Clemente proferiu as declarações que já estão a deixar a igreja a pensar. O cardeal-patriarca de Lisboa propõe, com base em textos do Papa, a todos os católicos divorciados e que voltem a casar pelo civil para que pratiquem a abstinência sexual com a finalidade de poderem continuar a aceder aos sacramentos da confissão e da comunhão. 

Foi com base na orientação do Papa Francisco, Amoris Laetitia, que D. Manuel Clemente decidiu orientar divorciados e recasados para os ideais católicos, apelando ao convívio e partilha mas nada de vida sexual entre o novo casal. Assim sendo e pela ideia tornada pública pelo responsável da igreja católica em Portugal, casar pela segunda vez tem de ser com uma pessoa que aceite viver junto sim, mas como amigos ou irmãos, sem pensamentos e práticas sexuais.

Estas normas pretendem servir para, segundo o cardeal-patriarca, «acompanhar e integrar as pessoas na vida comunitária», não aceitando o divórcio e o refazer de uma nova vida conjugal. Para a figura nacional da igreja cada caso é um caso e tem de ser visto como tal, existindo assim exceções para os segundos casamentos com e sem abstinência. Novas uniões após um recente divórcio, falhas no anterior casamento e injustiças para com o anterior par são três dos exemplos de quem deve ficar em abstinência na nova relação. 

Capela das Conchas, em Alcáçovas

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Situada no centro de Alcáçovas, vila alentejana, encontramos a Capela das Conchas, fundada em 1622 por D. Henrique Henriques.

Com uma decoração fora do comum, para mais num local distante do mar, esta capela tem as suas paredes e tetos recheados de conchas. Segundo a história, estes elementos foram recolhidos ao longo dos caminhos que os portugueses navegaram e colocados assim, por pessoas dedicadas e verdadeiros artistas, neste espaço que ainda hoje contém vestígios da beleza implantada. Fazendo jus pela tradição marítima nacional, esta capela e seus jardins adjacentes estão adornados com verdadeiras obras de arte com desenhos pormenorizados sobre o tema religioso, como é o caso das pombas que se encontram nos cantos do teto e os anjos junto de uma das entradas exteriores. No jardim também os canteiros e fontes estão embelezados com coloridos trabalhos de conchas de diferentes cores e tamanhos.

Atual leitura... Pecados da Igreja [Secundino Cunha]

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Os temas religiosos têm andado um pouco pelas leituras que tenho feito ao longo dos últimos meses porque quero perceber um pouco de tudo o que o misticismo da Igreja Católica tem para desvendar. Como tal e porque também já li a história de Jesus e Maria por um prisma diferente com a leitura de O Homem Mais Inteligente da História, agora quero ver um pouco das histórias pecaminosas que têm acontecido ao longo das últimas décadas no seio católico nacional.

Os pecados carnais entre o amor, os abusos sexuais, homossexualidade e prostituição existem, tal como a falsidade, o dinheiro, os abusos de poder e a inveja habitam no seio da igreja que todos nós conhecemos mas que não queremos acreditar em tais atos ofensivos para com uma organização que parece tão bem limada e sem pontos negros a apontar. 

Secundino Cunha foi o jornalista que pegando em histórias reais e noticiadas ao longo dos últimos tempos pelos meios de comunicação social, resolveu investigar todos os temas e escrever assim Pecados da Igreja, a obra lançada recentemente pela Saída de Emergência. 

Obrigações religiosas

Um cliente, achando talvez que tenho cara de religioso e de andar a testar as várias comunidades religiosas presentes pelo país resolveu entregar-me um folheto de uma celebração que irá existir em diversas cidades e vilas no mesmo dia pelas próximas semanas. Não dei praticamente conversa enquanto o senhor tentava espalhar a sua fé perante a minha figura e no final lá fiquei com a folha recheada de figuras, ditos, datas e horas para que marcasse presença no tal evento. Até fiquei a saber como quem não quer a coisa quem é o representante aqui da zona da dita comunidade religiosa, também um cliente da empresa, por sinal. 

Se aquele senhor que me fez o convite soubesse o quanto religioso sou nem tinha aberto a boca sequer para me convidar para o que quer que seja, para mais para um grupo ainda mais complexo que a igreja católica. O folheto foi de imediato para o lixo porque nem sequer existe interesse em perceber do que se tratava. Será que espalhar a fé é melgar e quase pedir «por favor» para as pessoas marcarem presença num evento onde depois a lavagem ao cérebro tenta ser feita?!