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O Informador

Oficialmente desempregado

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Mês e meio após o início do processo de despedimento por falta de pagamento, eis que finalmente consegui ter luz verde dada por parte da Segurança Social que me contactou via carta a informar que estou oficialmente desempregado e com a atribuição de Subsídio Desemprego para Trabalhadores com Salários em Atraso. 

Sinceramente não sabia que existiam várias formas de desemprego e com títulos, mas pronto, não muda muito, somente que no lugar dos vinte meses que tinha direito se tivesse sido despedido normalmente, terei acesso a dezasseis, mas sinceramente não conto utilizar grande parte deste período, começando agora o novo ciclo à procura de emprego. 

Novo (ainda quase) desempregado

Numa segunda tentativa junto do Centro de Emprego e já com o documento comigo, o dito Aviso de Receção que estava em falta, eis que voltei a insistir para conseguir entrar finalmente, após quase dois meses sem emprego e sem salários, no desemprego. 

Voltei a dirigir-me a um Centro central, não o mesmo do outro dia, mas também não o do Concelho onde resido porque esse somente funciona com os serviços mínimos, marquei a minha vez e menos de dez minutos depois estava a ser atendido. Posso-vos dizer que estive vinte minutos, sim, vinte minutos, no gabinete com a técnica a explicar a situação, embora a senhora pouco ou nada tivesse falado. Falei, entreguei todos os documentos, aparentemente necessários e que tinha, e parece que lá ficou tudo encaminhado.

Entretanto cheguei a casa e fui até ao portal da Segurança Social, abri a conta pessoal e verifiquei que a entrada está dada, com os valores diários a receber já atribuídos e tudo, faltando agora a confirmação dos documentos por parte dos serviços para que esteja de vez inserido no número de desempregados deste país.

Novidades do Desempregado

Não, ainda não sou considerado um desempregado! Aparentemente estava quase tudo despachado com os documentos necessários para poder, ao fim de mais de um mês colocar os papéis e começar a pensar em seguir em frente. Tudo parecia estar a correr bem, quando falta afinal um comprovativo de aviso de receção!

Primeiramente, penso que tenho todos os documentos e lá vou eu, de forma rápida porque estou farto e cansado desta situação direito ao Centro de Emprego do Concelho onde habito. Dirige-me a um grupo de funcionárias no local que deveriam estar em pausa, pelo aspeto da situação, e coloquei a questão sobre onde poderia dirigir-me para dar entrada para o desemprego, isto porque logo percebi que não estava no sítio certo. De forma rápida e para me despacharem logo me entregaram um cartão com telefone e email da central da região onde me teria de dirigir para poder tratar da situação numa fase inicial. Tentei colocar uma questão sobre uma cópia e não um original que tinha comigo mas rapidamente me disseram que essa questão teria de ser colocada no local onde iria e não por ali. Ou seja, existe Centro de Emprego local mas para questões iniciais, pelo menos, somos reencaminhados para mais de trinta quilómetros de distância porque será mais fácil. Fácil para quem está sentado em amena cavaqueira porque não achei graça alguma ter de pegar no carro e lá ir. 

Não perdi tempo e meti-me a caminho para me despachar o quanto antes. Ao longo da viagem e com o contacto que me deram anteriormente fui tentando ligar para o Centro de Emprego para onde me estava a dirigir, já que podemos fazer marcação para que seja mais rápido. Mais de meia hora de viagem, com várias tentativas de contacto e ninguém me atendeu. Desisti, estacionei o carro e perguntei onde ficava o espaço. Lá fui excelentemente bem indicado que consegui à primeira encontrar o suposto final disto tudo. Entrei, tirei uma senha para «inserção no desemprego», logo veio o segurança perguntar qual o motivo de ali estar e fiquei a saber que a senha a ser retirada teria de ser a de «outros» entre mais de dez opções. Ok. Lá me fiquei e fui imediatamente chamado, pois pensei eu, porque fui chamado sim mas para uma tiragem, como no hospital e fiquei escalado para esperar uma hora, nem foi muito na verdade. 

Desempregado sem vontade

Pensei que ao estar com mais horas livres de forma diária que iria ter uma maior atenção ao blog e vontade para me dedicar um pouco mais à escrita. Até agora o que deteto é que a vontade que achei que iria surgir ainda não apareceu, tendo mesmo um bloqueio mental quando tento pensar em algo mais elaborado para escrever e publicar por aqui.

A pessoa quando se vê de um momento para o outro com o seu dia-a-dia vazio, sem a rotina de anos, fica quase sem chão, sentindo-se como se não tivesse nada para fazer. É assim que me sinto, uma vez que com tanto tempo livre achei que conseguiria fazer e dar maior atenção ao que por vezes fazia de forma rápida e mais esporadicamente, podendo-me dedicar a tanta coisa, não tendo é a vontade que sempre achei que iria surgir. Acordo mais tarde, durmo mais ou menos o mesmo número de horas que o habitual de quando andava a trabalhar, e depois ao abrir os olhos penso... «tenho isto, isto e aquilo para fazer». Disse bem, penso, porque no final do dia percebo que não fiz nada do que tinha planeado porque me sinto vazio neste momento e a precisar de estabelecer regras para esta vida de desempregado que ainda não o é porque estou agarrado à antiga empresa ainda sem poder procurar novo emprego por enquanto. 

Primeiramente tive duas semanas de férias, depois três semanas que não sei como as posso descrever porque não trabalhei, não fui pago mas também não posso arranjar outra coisa para fazer e agora continuo a aguardar que tudo se resolva para poder respirar e pensar que tudo terminou e que há que começar de novo, finalmente. E acho que é sem esse recomeçar, que se encontra pendente, que parece que ando a fazer equilíbrio numa corda presa entre dois postes e que tento atravessar sem cair num poço bem fundo. Sinto-me um pouco assim, sem saber ainda por onde seguir e como ocupar os dias de forma a sentir-me útil para comigo para o poder fazer para com os outros também.

Tenho lido muito mais, descansado à sombra da relva no jardim com este bom tempo, vejo séries com temporadas que tinha em atraso, faço mais companhia em casa e acompanho mais quem me pede para ir aqui ou acolá fazer alguma coisa. Não me tenho afastado de casa mas saio todos os dias há rua porque sou daquelas pessoas que começa a bater mal do cérebro se não sair um pouco para ver pessoas e arejar a mente. 

Sem hábitos de desempregado

Fiquei forçosamente sem emprego há umas semanas e desde ai que ainda não me habituei a esta nova vida com tempo livre a mais. A situação do despedimento ainda não está resolvida e neste momento não estou a ganhar de lado algum, no entanto estou em casa e os gastos diários continuam a surgir. O tempo e o facto de estar em casa levam-me a comer mais, o que pode ser bom para engordar um pouco, consigo ver mais séries e ler com maior regularidade mas depois todas as manhãs e tardes livres que tenho fazem-me ter na ideia que não me sinto útil neste momento, ainda sem ter criado hábito e rotinas para os próximos tempos em que nada de concreto terei para fazer. 

Acordo a horas um pouco mais tardias do que era habitual, deitando-me ainda mais ou menos pela mesma hora para tentar manter as regras e não perder o dia. Só que é nesse mesmo dia em que me sinto baralho. Primeiro sou uma pessoa que sente necessidade de sair à rua para ver pessoas, aguentando-me de manhã por casa mas após o almoço ainda não consigo pensar que vou ficar todo o dia fechado sem sair por umas horas. Sinto-me um pouco claustrofóbico se não arejar todos os dias. Sinto falta neste momento de regras e horários para acordar e despachar, ir trabalhar, voltar a casa... Ou seja, faltam-me regras diárias por ser uma pessoa que primeiro tem de andar de um lado para o outro e depois porque gosto de ter horários para tudo, o que neste momento se torna complicado encarrilhar com tanta hora vaga a que não estava habituado. 

Fé no Futuro

Neste momento e devido ao desaire que a empresa sofreu o futuro tornou-se numa incógnita. Ainda não sei como ficaremos com ordenados que embora sejam de dias que se trabalhou este mês são nossos, esta semana em que já nada existe e ainda o seguro não tomou decisões quanto aos funcionários e os papéis para o desemprego ainda não chegaram por consequência. Ou seja, neste momento tudo são questões em aberto quanto aos dias que já passaram deste mês, à indemnização e ao futuro. Quem me irá pagar a partir de agora? O patrão através da seguradora ou o estado se o caminho, que é o mais certo, for o desemprego?

Os dias passam e as questões estão a ser resolvidas, mas tudo parece demorar eternidades necessárias mas que nos acabam por massacrar ainda mais! Encontro-me em período de férias que felizmente me foi pago e espero que seguradora, advogada, contabilidade e entidade patronal se entendam para se chegar a bom porto quanto ao que nos compete a nós, funcionários, que nada temos de perdidos e achados com o que aconteceu e que ficamos agora num impasse sem ainda saber que caminho seguir.

O mais esperado é começarmos a fazer parte dos números do desemprego que por sinal até têm vindo a descer nos últimos tempos mas até poder colocar os papéis estão a passar dias, não esquecendo a primeira semana em que não nos foi e talvez não seja paga por lado nenhum. Ou seja, meio mês já era e nem sinais de pagamentos deste período e de quem sabe de mais uns tempos até se tomarem decisões que nos desvinculem ou não do passado.

Modo «entrevistas»

Pelos últimos dias andamos pelo trabalho em modo «entrevistas»! Ora é uma tarde de enchente com candidatos a um emprego, ora são as manhãs recheadas como se fosse hora de ponta! Em plena conversa entre entrevistador e entrevistado percebe-se que existem pessoas que procuram o que muitas vezes não existe! Será que não existe emprego ou não existem empregos de sonho? Uma questão que posso não saber responder por também estar há nove anos no meu primeiro local de trabalho, no entanto com as conversas que são apresentadas pelos candidatos muito se pode pensar acerca de quem supostamente procura o seu ganha pão fora do subsídio de desemprego!

Livres e desimpedidos que não podem sair após as 17h00, pessoas que suplicam um emprego mas que depois afirmam que devido aos filhos têm de chegar constantemente atrasadas na hora de entrar ao serviço, famílias que recebem rendimentos e que não querem assinar contratos de três meses por perderem o dito rendimento mais baixo do que o que iriam receber, jovens que querem ganhar dinheiro para estarem sentados todo o dia a olhar para algum lugar longínquo, seres rudes que aparecem em entrevistas como se fosse a empresa contratante a necessitar dos seus serviços e não o inverso, grupos que aparecem para uma entrevista onde só um foi chamado mas quis que os seus amigos tentassem a sorte e quem sabe ficassem com o seu lugar, solteiros a viver sozinho com contas para pagar e com rendimentos mínimos que não querem trabalhar ao Sábado!

No final de várias entrevistas as histórias que são contadas ao longo daquelas conversas conseguem ser por vezes irreais de tão absurdas. O que será que andam os desempregados, alguns sem qualquer ganho do fundo de desemprego, à procura quando entram numa sala para realizarem uma entre muitas entrevistas? Confesso que não percebo quem nada ganha e não quer trabalhar, nem que seja por umas semanas até que outra coisa lhe surja! Faz-me uma certa confusão este tipo de procuradores laborais que mostram que estão nem aí para o que quer que seja que lhes vá aparecendo! Aparecem nas entrevistas porque receberam uma mensagem escrita no seu telemóvel da parte das entidades responsáveis e lá vão elas, em modo passeio, muitas vezes arranjadas de mais e com partes do corpo visíveis também de mais, prontas para uma conversa de circunstância mas onde o seu interesse em ficarem com o lugar disponível é zero. 

Serviços finais

Sim, é complicado afirmar a alguém que o seu contrato não irá ser renovado! Sim, é paralelamente complicado assistir à reacção da mesma pessoa por ficar ainda contente por ver o seu emprego deixar de existir sem qualquer direito ao fundo de desemprego! Sim, não sei o que se passa pela cabeça das pessoas quando expressam o que vão pensando no confronto com determinadas situações que pela ideia de quem lhes dá as más notícias acredita-se que a reacção ficaria de mãos dadas com a tristeza!

Um emprego com poucos meses e que pareceu na altura ter ajudado a aliviar as contas de uma recente família apareceu e agora terminou! Informa-se a pessoa em questão que o seu contrato está a terminar e que o mesmo não será renovado por mais um tempo, isto por uma quebra do trabalho necessário e também pela pouca evolução demonstrada ao longo das semanas em que a oportunidade surgiu para mostrar se valeria mesmo a pena continuar a insistir e apostar num determinado trabalhador ou não.

Chama-se o contratado para lhe dar as más notícias, antes pensa-se que as coisas que se irão dizer dentro de quatro paredes não são boas de afirmar e muito menos de ouvir e depois, na presença do protagonista do despedimento, percebe-se que afinal a ideia de custo e tristeza só ficou mesmo para quem tomou a decisão. Quem gosta mesmo de ser despedido sem qualquer direito a subsídio de desemprego e ainda fica contente quando as contas familiares necessitam de um ordenado para continuarem a correr bem?

Confesso que não percebo os novos trabalhadores do presente, aqueles que aparecem em entrevistas e afirmam não querer trabalhar, só andando a passear em busca daquele emprego de sonho, aquele que muitas vezes nem os próprios sabem qual é! Faz-me confusão como as pessoas não se preocupam em ganhar as suas coisas com força de vontade, não ficando nada preocupados ao voltarem para casa, sem qualquer dinheiro que lhes garanta sobrevivência pelos próximos meses! O que terão estes seres em mente para o dia de amanhã em que não terão um emprego que os ajude a pagar as contas que se vão acumulando com o passar dos dias?!

Alguém quer trabalhar?

Uma empresa a precisar de novos funcionários onde várias fichas de inscrição preenchidas pelas últimas semanas são colocadas em cima da mesa, fazem-se telefonemas a convidar as pessoas seleccionadas para as entrevistas e o que acontece? Além de não aparecerem nem dão qualquer sinal de vida depois de ao telefone terem dito que sim, que iam à entrevista e até agradecerem o telefonema!

Três foram as pessoas a quem se telefonou a pedir para comparecerem com hora marcada numa entrevista que lhes podia dar emprego pelos próximos tempos e no momento nem uma apareceu. Como é possível o desemprego estar como está quando depois quem precisa e inscreve-se para trabalhar acaba por recusar diretamente os convites que lhe são feitos?

Pelo centro de emprego alguns dizem logo que não querem trabalhar, só andando à procura de carimbos para as suas folhas de apresentação. Quando o processo já não passa pelo recrutamento do centro as pessoas também não querem sequer ouvir o que existe da parte das empresas para terem um trabalho com um ordenado que pode subir com o tempo e onde podem ficar durante anos.

Alguém quer mesmo trabalhar neste país? Quem quer não consegue e quem consegue ter as suas oportunidades não quer! Vá-se lá perceber estas pessoas queixosas!

Casais desempregados

Este fim-de-semana foram revelados vários dados que mostram que o desemprego em Portugal voltou a subir e que existem um maior número de casais em que ambos estão desempregados. Curiosamente e infelizmente na semana passada um casal, não casados, mas claramente companheiros que partilham casa e vida, inscreveram-se no meu local de emprego e quando estavam a preencher as fichas fiquei pensativo por perceber como será difícil estarem duas pessoas, talvez com os seus fundos de desemprego a terminarem, em situações tão idênticas a partilharem o mesmo espaço, não existindo dinheiro a entrar da forma como é desejada!

Um membro do casal estar desempregado e a receber ajuda do estado e ter o seu parceiro a trabalhar ainda ajuda a controlar as contas e os gastos, agora estarem os dois à procura de emprego, com subsídios mínimos, e a não conseguirem arranjar nada talvez também pelas idades com que estão, é complicado!

Neste momento a empresa não está a colocar ninguém, no entanto aqueles dois seres pareciam mesmo capazes de ficarem a trabalhar, mesmo tendo que aprender o que nunca fizeram, já que como ouvi através de um sussurro, o senhor era mecânico anteriormente e isso nem foi colocado na sua inscrição, mostrando que quer fazer qualquer coisa, desde que lhe ofereçam um emprego.

O desemprego voltou a aumentar, os casais desempregados também aumentaram e os jovens continuam à procura do seu primeiro emprego! Uma realidade pesada que o nosso país continua a atravessar, depois de anos em que a crise apareceu e parece estar a tardar em desaparecer!