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O Informador

Portugal abandonado

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Neste social básico dos nossos dias custa perceber que não existe vida pelas ruas e avenidas deste país junto ao mar plantado. Espaços desertos, calçadas vazias, bancos isolados e jardins abandonados. O dia-a-dia rotineiro e movimentado de todos nós deixou de existir e os locais estão desprezados e a mostrarem falta de circulação. Que tristes pensamentos que surgem quando passo devagar junto a certos espaços e percebo o silêncio feito de ausências e perdas diárias que se vão assumindo num tempo que não sabemos quando e como termina. Neste momento vivemos num Portugal abandonado e a viver da solidão num ciclo depressivo. 

Chega de dejetos

cocó emoji

 

No dia em que Portugal foi a votos para eleger o Presidente da República para os próximos cinco anos, renovando Marcelo Rebelo de Sousa o seu mandato, eis que passei grande parte do dia a ler, em casa, respeitando o confinamento e só tendo saído logo pela manhã para exercer o meu poder e dever de voto. E foi a meio da tarde, na leitura do livro Não Te Esqueças de Mim, da autoria de Mhairi Mcfarlane, lançado entre nós pela editora Topseller, que encontrei a frase que passo a citar.

É tão bem-vindo como encontrar cocó de gato em nossa casa, quando não temos um gato.

Mhairi Mcfarlane, em Não Te Esqueças de Mim

Desabafos pandémicos

Receio

 

Os números de novos casos de contágio por Covid19 estão altíssimos e a tendência é a de continuarem. Centenas de casos ativos, serviços hospitalares em rutura, filas de espera em ambulâncias e a escolha entre viver e morrer a começar a ser feita em certos locais do país. Em Março/Abril de 2020 o medo atingiu-me e aos poucos, com confiança, fui compreendendo as circunstâncias e consegui ao longo do tempo aceitar a realidade, tentando um regresso à nova normalidade sem deixar os cuidados de lado.

Agora, Janeiro de 2021, o segundo confinamento acontece, os números de infetados com Covid19 estão bem superiores e não param de ascender a valores que impõem respeito. Nos últimos dias as noticias não nos são agradáveis e de cada vez que sou confrontado com os principais noticiários televisivos, seja o do almoço ou jantar, fico como que apático, sem vontade de comer, gerando sentimentos de revolta, com bastante receio à mistura. Não consigo neste momento ver entrevistas pessoais e que servem como um grito de ajuda de médicos e enfermeiros a demonstrarem o seu dia-a-dia, sem que não me venham as lágrimas aos olhos. Não consigo imaginar como tudo será se existir um caso próximo de Covid19 ou sequer se tiver de me dirigir a um hospital com outra doença e saber que fico em risco de não ser socorrido nas melhores condições por falta de meios. Estamos com milhares de internamentos, bastantes em estado grave, não existem camas e dispositivos disponíveis e os profissionais de saúde além de não serem suficientes estão esgotados. Portugal caminhou em poucas semanas para o desastre social na pandemia e toda esta situação não será resolvida em menos de dois meses.

Autoridades previnem confinamento

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Nos últimos dias tenho falado da falta de noção que os portugueses têm tido para com o incumprimento das regressadas regras de confinamento e da pouca ação das autoridades, que nesta fase inicial têm de mostrar trabalho para que todos percebem que as regras são mesmo para cumprir. Hoje venho anunciar que em pleno fim-de-semana os avisos à população andam a ser feitos e que o incumprimento já anda a causar avisos e multas junto dos incumpridores, tanto no trânsito como junto dos estabelecimentos abertos.

Aqui pela aldeia já aconteceu a passagem das autoridades pelos cafés que permanecem abertos com serviço de janela, que é como quem diz, num género de take-way assim meio estranho. Uns tinham o postigo aberto mas de esplanada quase montada, com mesas e cadeiras para se sentarem, outros colocavam clientes nas traseiras do estabelecimento e também existia quem entrasse para o interior, como que clandestinamente, sem campainha mas com batidas para se poder entrar. Quem de direito visitou os espaços, avisou população que se mantinha sem máscara nos arredores destes locais, não se sabendo se surgiram mesmo multas ou não, e avisou os proprietários sobre o que estava a ser feito sem autorização. Mesas desapareceram, bancos saíram, traseiras fechadas (até quando) e tudo encerrado a horas certas. Quanto aos desobedientes que andam pela rua sem respeitarem o uso de máscara e os ajuntamentos avisos aconteceram e a promessa de regresso ficou feita. 

As pessoas têm de se respeitar a si e pensarem que se continuarem a agir como se nada estivesse a acontecer nunca iremos sair desta situação que só tem vindo a piorar desde que 2021 iniciou. Não podemos pensar que estamos livre porque nada acontece só aos outros, podendo hoje um dos milhares de infetados em estado grave ser um desconhecido e amanhã ser um dos nossos ou mesmo nós próprios. 

Covid19 não atinge estudantes

Escola Covid19

 

Sexta-feira assinala o segundo confinamento português desde que o Covid19 entrou em Portugal e desta vez só uma mudança me inquieta perante o mandamento governamental de que todos os que não trabalhem em áreas fundamentais para a sobrevivência social que devem ficar isolados em casa ou em outras situações em teletrabalho. O que me questiono é somente sobre o facto dos estudantes, neste confinamento que se prevê de um mês, continuarem a ter as suas aulas presenciais, sejam eles do ensino pré-primário ou universitário.

O Covid19 não anda nos centros escolares? Os jovens não convivem sem máscara assim que saem das instalações escolares? Não são os jovens que também ajudam na transmissão do vírus ao o levarem para casa e o passarem para pais e avós? Percebo que é necessário apostar no futuro do país e a educação é fundamental, mas não seria essencial uma paragem de semanas para depois se começarem a abrir as instituições escolares aos poucos, tal como a economia?

A desculpa governamental é a de que existe pouca incidência de transmissão do vírus nas escolas, só que aqui questiono, por assistir várias vezes a jovens a saírem do portão do recinto escolar e a tirarem de imediato as suas máscaras para conviverem sem entraves, tal como saem dos autocarros de transporte e assim que pousam os pés no chão seguem os seus caminhos para casa sem as máscaras no rosto. 

 

 

Caos consumista pós Natal

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2020 foi um ano atípico a todos os níveis e nas semanas de habitual maior consumismo ainda cheguei a pensar que existiria um maior controlo entre as prioridades de cada um na corrida aos centros comerciais e comércio de rua para as compras natalícias. Mas afinal, embora as vendas online tenham subido bastante este ano, a corrida para as lojas continuou e gerou uma grande confusão em certos locais devido às restrições com as entradas, aos novos processos e cuidados e ao novo stress que todos têm mantido quando percebem que estão rodeados de demasiadas pessoas desconhecidas e que em muitos casos não respeitam o espaço de uns e outros. 

Consumismo a manter-se nas semanas antes do Natal e o que dizer do depois? Sim, tudo parece continuar porque parte do comércio entrou em saldos, as compras apressadas que foram feitas exigem agora várias trocas e a confusão de há uns dias atrás agora continua. Todos querem gastar o dinheiro que ainda ficou para as promoções de final de ano, as trocas são feitas também a pensarem na poupança que pode ser feita agora com preços mais baixos e o respeito que agora tem de ser maior pelos outros continua a ter várias falhas pelo pensamento que existe do cada um por si. 

A sociedade que se pensou que viria a aprender para se tornar em algo melhor podia ter melhorado sim, mas na verdade vejo comportamentos tão absurdos que parece que nada está a acontecer. Consumismo e egocentrismo a mais, falta de respeito pelo espaço de cada um, compras em detrimento do afeto e a merda que continua a cheirar tão mal como sempre tem sido. 

 

Contradições de um Natal pandémico

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Os portugueses e as suas contradições nem avançam nem melhoram, mesmo em tempos de pandemia. 

Todos sabemos bem que o nosso Governo aconselhou a sociedade a ter em conta todos os cuidados nesta época festiva para não existirem grandes ajuntamentos sugerindo até a permanecermos em casa, passar o Natal cada um na sua, sem grandes festas, convívios familiares e sem que se tenha de viajar muito dentro do país. Nós que vivemos em Portugal somos aconselhados a permanecer em casa, mas depois os que vêm de fora são tão bem-vindos que até os milhares que entrarem vindos de Inglaterra chegam, fazem um teste e seguem livres e contentes, mesmo com a nova estirpe do vírus a dar que falar e sem terem de enfrentar a quarentena como por outros países.

Tanta contradição para quem cá está ao longo dos últimos tempos a viver numa inconstante e depois chegam os portugueses turistas para passarem o Natal e Ano Novo por cá e parece que são aplaudidos porque estão de regresso a casa para matarem saudades e trazerem a nova mutação do Covid19 consigo. 

Contradições a mais num só país onde quem está tem de cumprir tudo e mais alguma coisa e quem chega entra livre e de bem com a vida, abraçando e beijando com saudades, já que segundo os dados da balança os nossos comandantes acham que quem sempre cá esteve não tem saudades de andar de um lado para o outro, viajar dentro do próprio país e abraçar como os que estão a chegar internacionalmente o podem fazer. 

Expliquem-me... as Boas Festas da Assembleia

 

Será de mim ou os responsáveis pelo gabinete de comunicação da Assembleia da República, pelos vistos grandes fãs dos filmes Star Wars, tiveram uma travadinha quando se lembraram de criar um vídeo natalício inspirado no universo da Guerra das Estrelas?

A premissa deste vídeo meio humorístico, mas sem piada alguma, de boas festas mostra o Pai Natal numa espécie de nave espacial a ser salvo do Darth Corona, unindo assim as celebrações natalícias e o estado atual do mundo com o vírus a atacar a cada esquina. Os Amigos da Assembleia ajudam assim a salvar o Pai Natal e as suas Extra Renas das garras do vírus para que se possa festejar e unir toda uma sociedade. 

Questões pós pandemia

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Umas questões que me atormentam após o término da pandemia...

Quando em 2021 começarmos a poder respirar, se tudo correr bem, com algum alívio por começarmos a colocar o Covid19 para trás das costas, fazendo de todo o ano 2020 um marco histórico que atacou toda a sociedade mundial, conseguiremos retomar o que existia até surgirem os primeiros casos do vírus no nosso país? As pessoas estarão como antes disponíveis para os outros? Conseguiremos deixar, quem os tem, os cuidados de higiene com a higienizarão constante das mãos e produtos com que lidamos diariamente? Conseguiremos retomar o dia-a-dia, voltando aos locais que nos faziam bem ou o passado ficará para trás e o futuro que será presente não voltará aos sítios onde tudo já fez sentido? As relações voltarão a ser as mesmas, lidando com cada um da mesma forma como se todos estes meses não passassem de um pesado pesadelo? E a nível da saúde, o que uma vacina poderá trazer de benéfico não poderá ao mesmo tempo a médio e longo prazo trazer consequências?

Pandemia que tranca portas

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Cheguei a casa perto do momento do horário de recolher obrigatório, estacionei na adjacente da rua onde habito, desliguei o motor e fiquei a olhar em diante, entendendo que numa avenida de aldeia onde dia e noite sempre ia existindo movimento, com ou sem viatura, tudo naquele momento noturno parecia deserto, como se todas aquelas ruas e mesmo casas estivessem abandonadas num mundo ao estilo da mítica série The Walking Dead. 

Refleti por rápidos momentos na diferença, com um ano, entre o mesmo espaço e as mesmas pessoas, antes e após uma pandemia nos afetar e transformar pequenos pormenores em momentos distantes. A desvalorização que era atribuída a grandes feitos individuais e que agora são tão essenciais para que o discernimento pessoal continue a resistir a quedas sucessivas em depressões, afastamentos e ruturas.