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O Informador

Crucifixo público

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Os católicos que me perdoem, se assim o entenderem, mas há uns dias a memória trouxe a imagem do crucifixo presente em plena sala de aula, em cima do quadro, que há época ainda era para ser usado com giz. A religião, com imagens obrigatórias para serem traduzidas muito pelo catolicismo. Em criança, miúdo de primária, confesso que aquela cruz já me fazia alguma espécie, e hoje, olhando para trás e sabendo que existem muitos lugares onde a presença do crucifixo ainda é notória no interior das salas de aulas, impondo o que não tem de ser imposto, mostrando falta de coragem para cortar com um poder de outras décadas. 

Tenho uma relação a meio gás com a religião e defendo que nada nesse sentido tem de ser feito como uma obrigação. O que acontecia há umas décadas atrás era quase a permanente pressão para se perceber que a imagem da cruz era importante no crescimento e desenvolvimento de qualquer um. Tenho noção que enquanto aluno de primária não fui pressionado verbalmente por qualquer professor para seguir determinados caminhos dentro da religião, mas a presença daquela imagem, feita em madeira, existia, como uma nuvem que pairava sobre as nossas cabeças. Talvez quem tivesse uma família mais religiosa sentisse uma certa proteção quando olhava para o cimo da parede, o que não acontecia comigo, que ainda hoje sou meio cético em relação à imposição em certos locais públicos de elementos religiosos, não se respeitando o espaço de cada um, que não tem de seguir obrigatoriamente o caminho da maioria e a vontade de um poder que passa para além da política pela sua influência social. 

Nos espaços modernos e renovados de ensino o crucifixo caiu em desuso, no entanto em meios mais pequenos, onde as escolas pouco mudaram ainda, a antiga tradição, imposta em tempos, continua a persistir, como se fosse uma obrigação entrar na sala de aula e rezar diariamente.