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O Informador

Livre presa

«É difícil dançar com um demónio nas costas! Então sacuda-o!»

Viver com os outros e com o pensamento no que os outros acham de nós leva-nos a deixar passar muitos factos como se eles não existissem ou não pudessem acontecer porque alguém pode não gostar do caminho que estamos a seguir. Enquanto pensamos nos demónios que nos atormentam e pesam nas nossas costas, deixamos de viver em pleno a nossa felicidade, esteja ela dependente do que estiver!

Sacudir para fora de nós os pensamentos negativos que nos aparecem pela frente tem de ser o lema constante do nosso presente, isto porque não conseguimos dançar com plenitude enquanto o esforço tiver a sobrecarregar as nossas costas como se nos tivesse a puxar pelo caminho oposto ao desejado. Se a nossa ambição nos quer levar a ter algo e não lutamos pelo que queremos por algum motivo ou porque alguém fica contra o nosso desejo, então é porque não conseguimos ser nós próprios, não estando a pensar na nossa própria felicidade e bem-estar. Enquanto pensamos na sociedade que nos atormenta no dia-a-dia vamos sempre acumulando demónios que se tornarão mais pesados ao longo dos nossos anos de existência. Ao longo deste processo de acumulação vamos criando defesas contra nós próprios e depois custará muito mais a mudar o rumo que acabamos por levar por iniciativa dos outros.

Como também não convém libertar tudo de uma vez para não nos sentirmos completamente livres do mal e despreocupados porque quando estamos conscientes que nada nos afecta, aí tudo parece que vem depois contra nós para nos atacar de forma bem vincada. Assim, aos poucos e consoante os tais demónios vão aparecendo nas nossas vidas para nos virar o caminho, a nossa função é seguir com o pré-planeado porque embora tudo nos aponte para outras bandas, é o nosso desejo que tem de liderar o que irá ser feito. Somos nós que temos de decidir o que queremos sem pensarmos nos outros, porque com o nosso bem só dependemos nós. O que nos rodeia tem as suas defesas e tem é que se preocupar com o seu ser e não com o dos outros!

Enquanto andarmos a viver com situações escondidas não conseguimos ser livres e mostrar que estamos realmente felizes porque existem sempre momentos em que o que nos atormenta aparece de mansinho no nosso rosto e pensamento levando-nos para o outro estado, o da incompreensão pessoal!

Quando Lisboa Tremeu

Quando Lisboa TremeuDomingos Amaral já me tinha conquistado com o seu Verão Quente e agora que li o Quando Lisboa Tremeu, a opinião sobre o autor mantém-se e ainda sai reforçada porque se o primeiro foi bom, o segundo foi ainda melhor!

Neste romance histórico que retrata o grande terramoto que assombrou Lisboa em 1755 e que marcou a sociedade portuguesa, seis pessoas cruzam-se pelo sacrifício de sobrevivência que todos querem ultrapassar para recomeçarem uma nova vida. Longe dos passados pesados que são mostrados ao longo da atualidade histórica e através do convívio, que se vai gerando entre um narrador bem presente, uma freira, um árabe, uma escrava, um inglês e um rapaz, percebe-se o que a população lisboeta sofreu com os abalos terrestres que se fizeram sentir naquele ano e que levaram muitas pessoas consigo, deixando ficar uma cidade deserta e em ruínas. Quando Lisboa Tremeu podia contar tudo o que se passou na realidade, mas não se fica por aí e através de personagens ficcionais relata um grande romance que envolve os cinco elementos do nosso planeta e conta de uma forma tão visível o verdadeiro caos que se fez sentir. Nesta obra editada pela Casa das Letras, o leitor escolhe as suas personagens favoritas com o seu decorrer e onde no fim se percebe que tantas proximidades não acontecem em vão, existindo sempre uma outra história por contar, aquelas curvas que as vidas sempre têm entre si e que se tentam esconder dos outros mas que um dia podem ou não ser descobertas.

Seis pessoas que já se tinham cruzado no passado, voltam a encontrar-se e o silêncio ou o desconhecimento vai acontecendo até que o final surpreende tudo e todos, deixando o leitor preso às ruas assombradas e desertas da capital que se transforma num campo de batalha e onde política e religião lutam entre si, como sempre acontece e não se admite!

Domingos Amaral sabe bem o que o leitor quer ter em mãos e deixou-se pegado ao terramoto de 1755 como antes não tinha acontecido. Envolvente, um pouco emocional e real são três das características que podem simbolizar este romance com que me deixei levar!

Sinopse

Lisboa, 1 de Novembro de 1755. A manhã nasce calma na cidade, mas na prisão da Inquisição, no Rossio, irmã Margarida, uma jovem freira condenada a morrer na fogueira, tenta enforcar-se na sua cela. Na sua casa em Santa Catarina, Hugh Gold, um capitão inglês, observa o rio e sonha com os seus tempos de marinheiro. Na Igreja de São Vicente de Fora, antes da missa começar, um rapaz zanga-se com sua mãe porque quer voltar a casa para ir buscar a sua irmã gémea. Em Belém, um ajudante de escrivão assiste à missa, na presença do Rei D. José. E, no Limoeiro, o pirata Santamaria envolve-se numa luta feroz com um gangue de desertores espanhóis.

De repente, às nove e meia da manhã, a cidade começa a tremer. Com uma violência nunca vista, a terra esventra-se, as casa caem, os tectos das igrejas abatem, e o caos gera-se, matando milhares. Nas horas seguintes, uma onda gigante submerge o terreiro do Paço e durante vários dias incêndios colossais vão atemorizar a capital do reino. Perdidos e atordoados, os sobreviventes andam pelas ruas, à procura dos seus destinos. Enquanto Sebastião José de Carvalho e Melo tenta reorganizar a cidade, um pirata e uma freira tentam fugir da justiça, um inglês tenta encontrar o seu dinheiro e um rapaz de doze anos tenta encontrar a sua irmã gémea, soterrada nos escombros.